quinta-feira





O peixe prateado

I



imagine-se um peixe simples
tocado pela água e pela luz.



imagine-se o seu movimento
a sua cor a sua voz
“procuro o meu nome o lugar
onde toda a água se desfaz”. é
um peixe tocado pelo espírito
amador da luz em seu corpo
prata.



pelo poema iluminado peixe.



II



tome-se o peixe e sua cor.
prateado.



tome-se o seu voo deslizante.
os olhos, as escamas, ainda a
sua voz.
“solidão é um nome junto a mim.
assalta-me o desejo e eu digo
… a tua boca …”



é agora um peixe descoberto pelo corpo.
insustentável em sua cor negra.



III



uma vez mais olharás o peixe.



não se pode contemplar
tão branca leveza e ficar
impune. beijarás o peixe na boca
colarás a sua respiração à tua. tua
será a morte do peixe, dirás.
“fui beijado pelo mais antigo
secreto e puro oiro.”



uma última vez o verás, agora
em sua cor invisível.
eis-te tocado pelo peixe.
pela água e pela luz.


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